domingo, maio 29

Tuco Freire: Genialmente Simples

Tuco Freire

Pedro de Oliveira Freire, ou melhor, Tuco Freire, é um baixista brasileiro, nascido no Rio de Janeiro em 14 de outubro de 1954, mas já aos 2 anos de idade, a família de Tuco segue de mudança para São Paulo, onde ele permanece morando até hoje. Logo de cara, me diz: "Cris, meu ego não admite superlativos...sou um cara e um baixista comum. Gosto dos baixistas que são baixistas, sem muito exibicionismo e jogando para o time."

Quais são suas referências na música, pergunto. E Tuco me diz sem vacilar: "O Luizão Maia é referência total e também gosto muito do meu amigo Sizão Machado, do Arthur Maia e do Jorge Elder". E completa dizendo que no rock gosta de John Entwistle, Jack Bruce, John Paul Jones, Flea, Pino Palladino, Tony Levin, Paul Jackson e James Jamerson. Tem grande admiração por Paul Chambers, Stevie Wonder, Ray Brown, Scott Lafaro, Neils Pedersen, Cachao e pelo "genial Charles Mingus como contrabaixista e compositor", diz.

Dono de um tremendo bom-gosto musical, confessa que é  um "Jimi Hendrix fanático" e adora Miles Davis, Bill Evans, mas "John Coltrane é minha religião." Pergunto se, em meio à tanta gente boa, ele tem um compositor favorito ele me responde: "Tom Jobim". E gosta de música clássica também. Neste estilo de música os preferidos são Villa Lobos, Debussy, Ravel e Stravinsky. E na música popular me diz gostar muito de Paulinho da Viola, Beatles, Edu Lobo, Piazolla, Milton Nascimento "e mais um monte de artistas essenciais", completa.

Criado no bairro das Perdizes, estudou no Externato Assis Pacheco, no Colégio Santa Cruz e no Vocacional L. A. Machado e Indac. Tuco gosta de desenhar. Aos 14 anos começou a trabalhar como assistente de arte na A&C Editora, que fazia as revistas Bondinho, Grilo e Novidades Fotoptica. Nesta época Tuco e seu irmão Paulo estudavam violão clássico com Antero Martins.


Aos 20 anos a música falou mais alto e Tuco largou o desenho, e resolveu estudar música e contrabaixo. Começou estudando teoria e harmonia com Maximo Ribeiro Sanches, e tocava baixo elétrico num trio de rock. Em seguida comprou um baixo acústico tcheco, "todo quebrado, que o lutier Enzo Bertelli, muito a contragosto, arrumou – ele não gostava de mexer em contrabaixos. Depois ele foi mexido por dois lutiers americanos e finalmente pelo Paulo Gomes aqui em São Paulo". Tanto o elétrico (um Fender Precision 72) da época do trio de rock, quanto o acústico reformado, são os seus instrumentos até hoje. Logo em seguida foi estudar com o Luiz Chaves no CLAM. 


Em 1977 foi para Boston, estudar no New England Conservatory, "aonde fui muito bem recebido 
pelo Ran Blake e seu Third Stream Department". No ano seguinte, 1978, Tuco vai para a Berklee College of Music, onde estudou por 4 semestres. "Lá tive a oportunidade de tocar com Stanton Davis & Stan Strikland Sundance Band, Ensemble Garuda, Jan Forney Davis Quintet, e muitos outros artistas locais", conta.

Tuco retorna a São Paulo no final de 1979 onde estudou, por mais uma ano, com Sandor Molnar no Conservatório do Booklin e onde teve a oportunidade de participar de uma "época super fervescente da música instrumental em São Paulo". Tocou e gravou com o Pé ante Pé, Bocato, Benjamin Taubkin, Guilherme Vergueiro, Cláudio Celso e muitos outros. "Tocavamos no Lira 
Paulistana, Masp, Mis, Centro Cultural Vergueiro, Espaço Off, Penicilina, Sanja, Aeroanta, Vou Vivendo, Bar Avenida e em muitos outros lugares que deixaram saudades", confessa. 

Faz questão de dizer que "em 81 nasceu minha filha Alice". Já final dos anos 1980 e começo dos 1990, acompanhou vários artistas nacionais e internacionais em turnês pelo Brasil. Ele conta que, na mesma época, trabalhou como "trilheiro" para publicidade. "Fiz muito jingle, trilhas comerciais, vinhetas, e confesso que não curti muito a experiência fazer música para produto e cliente".

Depois desse período tocou com a banda Lagoa 66 e depois com a Unidade Bop. Foi a época em que conheceu a Jo de Souza, sua esposa, passando a desenvolver um trabalho musical juntos e criaram um quinteto formado também por Jarbas Barbosa, Marcelo Maita, Gigante Brasil e, depois, Edu Viana. 

"Depois assumimos a formação de duo e começamos a preparar nosso disco. Em janeiro de 98 nasceu o nosso filho Tom." Em setembro de 2000, foi lançado o CD "Você e Eu". Tuco conta também, que desde 1980 vem tocando e produzindo os discos de seu irmão – o violeiro Paulo Freire.

Em 2005 produziu, em parceria com Paulo, um CD do pai, Roberto Freire, intitulado "Vida de Artista". Em 2006, produziu também o CD "Swell" do guitarrista Cláudio Celso. Em 2007 voltou a estudar contrabaixo com Gerson Frutuoso no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. 


Atualmente Tuco divulga seu mais recente trabalho, gravado com Jo em 2010, "Jo & Tuco Um Silêncio”. Continua produzindo discos, tocando com Jo e com o irmão, entre outros artistas.


Discografia:
  • Pé ante Pé 
  • Bocato - Lixo Atômico, Sonho de um Anarquista e Conserto para um Trombone 
  • Quebrado.
  • Benjamim Taubkin - Piano ao cair da tarde. 
  • Paulo Freire - Rio Abaixo, São Gonçalo, Vai Ouvindo, Brincadeira de Viola, 
  • Redemoinho e Nuá. 
  • Unidade Bop - Quebrando o Gelo do Clube. 
  • Infantil do Zézinho Mutarelli e Gilles Eduar - Músicas Daqui,Ritmos do Mundo. 
  • Cláudio Celso - Brasilian Jazz e Swell. 
  • Edu Vianna - Jaguar. 
  • Fábio Tagliaferri - Viola. 
  • Roberto Freire - Vida de Artista
  • Jo&Tuco - Você e Eu e Um Silêncio



Entrevista concedida à CrisViduani em maio de 2011


No vídeo abaixo você assiste a apresentação do violeiro Paulo Freire, acompanhado por Tuco no contrabaixo, em uma apresentação que fez parte do projeto "Viola Bem Temperada", em setembro de 2007, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. O vídeo conta ainda com a participação de Roberto Corrêa na viola.

























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